sábado, 13 de dezembro de 2008

Formatura da Angélica no Curso do Banco CIBC


Esta semana fomos ao prédio central do CIBC pra festa de graduação após as 6 semanas de treinamento, e agora vamos esperar ansiosos pela contratação! E que prédio! Um arranha-céu no centro de Toronto, 56 andares e a festa foi no último... Que vista! A megalópole à noite é imponente.
Teve até divulgação num site de notícias da área financeira, com direito a entrevista com a Angélica. Veja trecho:
"This program exceeded my expectations," said Angelica Perboni, who
brings to Canada 18 years of banking experience in Brazil. "I gained a deep,
new knowledge about how banking works in Canada. I am now better prepared to
look for a job in financial services with all that I have learned here."
Veja na íntegra no site http://www.cnw.ca/en/releases/archive/December2008/10/c7955.html.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Peicz and Eimorr

É, o tempo passa e já estamos entrando no inverno. Pra nós na verdade ele já começou há tempos - ainda não estamos acostumados com esta história de 4 estações bem definidas, ou seja, desde que o termômetro baixou dos 15, estamos encolhidos.
Mas o fato é que estamos entrando em nosso segundo inverno – acho que a vida aqui se conta pelos invernos sobrevividos, mas seria bom que a contássemos pelas primaveras, estação mais esperada, mas ainda não chegamos lá.
De qualquer forma cá estamos prestes ao ano e meio de Canadá! Dentre todos os altos e baixos, sem dúvida com muito mais altos, nosso maior destaque está com a Bibi, nosso orgulho, merecedora do Oscar, Grammy, Nobel e tudo mais. É... Bianca esta lendo! Ela traz todo dia pra casa um livrinho daqueles com mais fotos do que texto, e temos que ler com ela. No final de semana são dois livros, o da sexta-feira, e o escolhido por ela na visita semanal à biblioteca. Pelos comentários, o sistema de ensino público começa a ser preterido frente ao particular, devido a pequenos atos de vandalismo e violência que tem ocorrido, e também devido a qualidade, mas nossa opinião até agora é outra, temos tido uma grata experiência até então.
E assim ela segue, cada dia um livro, uma nova palavra, e algumas vezes lê o livro sozinha sem necessidade de nossa ajuda. Trouxemos pra cá um chocalho artesanal, que tem estampado as palavras “PAZ” e “AMOR”. Bibi em seu desafio de ler tudo que encontra, leu pra mim toda satisfeita: “Peicz” e “Eimorr”...
Se tudo correr bem, ano que vem ambos irão para a escola de imersão em Francês, também uma opção oferecida pelo ensino público, onde o dia-a-dia é 90% na língua de Napoleão já na primeira série, que esperamos será o caso da Bianca.
Agora, quando estivermos com algum problema que nos remeta à saudade de casa, podemos pedir a Bianca que nos conte uma história, que apesar de não ser como os contos do lar, trará um pouco da certeza de estarmos no caminho certo.
Só pra terminar, outro dia eu estava num site que pediu minha senha, e a Bianca perguntou: “Você vai escrever ‘senha tal’?”. Eu perguntei por que, e ela mandou: “É o que eu escrevo pra entrar no computador da escola!”...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

De Alma Lavada

O Canadá é um laboratório de raças, como já comentei, o país às voltas com a diversidade. É gente dos quatro cantos e curvas do mundo desembarcando aqui pra formar este mosaico social, e isto faz o corriqueiro muitas vezes incomum, como por exemplo, na cena de um certo cidadão que eu encontro no banheiro do escritório realizando sua cerimônia particular do lava-pés na pia...

Popularizada por Jesus, que num exemplo de humildade tomou bacia, água e toalha após a ceia final e lavou os pés dos discípulos, este ato era sinônimo de gentileza para com os visitantes naquela época, já que as viagens eram longas, as pessoas usavam sandálias, e as vias não eram pavimentadas. Assim, a primeira coisa que o anfitrião oferecia era o lava-pés, que era comumente realizado pelo cervo menor graduado da casa, daí o símbolo da humildade de Jesus ao tomar para sí tal tarefa. Na Índia já tinhamos esta cerimônia, mas com o sentido de purificação antes de qualquer ritual de oferenda ou adoração, e o ato simbólico de lavar os pés representa ainda hoje a purificação de todo o corpo e alma – na falta de um banho, um aconchegante lava-pés!

Mas vamos ao meu amigo do banheiro... Aqui no prédio onde trabalho não há banheiro individual por escritório, temos um andar com umas 12 salas, dentre elas consultórios, seguradoras, orgãos do governo, etc., e um banheiro masculine serve todo o andar. Assim, não raramente eu entro no banheiro por volta das 10:30 e encontro meu amigo descalço pisando sobre seu par de tênis, e com um dos pés dentro de uma das 3 pias (ufa, ainda bem que são 3...), lavando-o cuidadosamente. Quando nota minha presença, ele meio cabisbaixo me desfere um olhar meio que sem jeito, como quem tenta se esconder por entre a vasta sombrancelha, mas segue firme seu trabalho.

Na primeira vez, eu julguei de forma implacável: sujeitinho sujo... Como pode ser tão porco! Mas tomei a liberdade de analisar melhor a partir da segunda oportunidade, e notei que ele de certa forma se despia dos pertences de bolso, expondo uma outra parte de sua vida sobre a pia: um celular simples, papéis rascunhados, algumas moedas, e um cartão telefônico de chamadas internacionais... Então eu arrependido, repensei: talvez ele só tenha esta oportunidade durante todo o dia pra “limpar-se”... Sua face imigrante estava mais que confirmada através dos detalhes da cena, e eu já não sabia mais se ele era sujo ou coitado. Lembrei então da cerimônia do lava-pés, e pensei que talvez fosse a única forma dele se sentir banhado, após longas viagens por esta selva de pedras em busca de emprego, abrigo, ou alguma coisa qualquer que fizesse real a promessa que lhe fez desembarcar aqui.

Cheguei em casa, e durante meu banho quentinho, tentei lavar minha podre e mesquinha capacidade de julgar, e agora me sinto feliz ao ir ao banheiro e encontrá-lo por lá em seu ritual.